quarta-feira, 13 de julho de 2016

Em cada pétala...


Em cada pétala
um grito

Em cada espinho
um punho

Em cada botão 
uma Rosa

Em cada jardim
uma história

Em cada luta
uma primavera

Carpe




quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sarau do Violeta




“Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto”
Violeta Parra

Muito recentemente a questão de gênero vem tomando frente na história, não porque antes a luta de mulheres não fosse fato histórico, mas somente agora a história deixou de nos virar as costas, a pegamos com os punhos e a tomamos de assalto. É visível o crescimento das lutas em torno do tema “gênero” e com isso a resposta do patriarcado-machismo-capitalismo também é dura e imediata: estupros, violência, agressões, constrangimentos são algumas das respostas ao nosso avanço na história. A crise também intensifica essa violência, que vindo contra a classe social mais precarizada afeta em dobro aqueles que são os seres mais discriminados e sujeitados dessa camada, mulheres e negrxs, sendo as mulheres negras aquelas que mais sofrem nesse contexto.
Diante desse momento pelo qual passamos, manter e tentar caminhar em um coletivo de gênero não tem sido uma tarefa fácil, sobrecarregadas com a militância mais as tantas jornadas de trabalho que nos cercam se torna cada vez tarefa mais árdua sentar para refletir e pensar sobre a condição social a qual estamos sujeitadas, porém é também gratificante pensar os trajetos, as lutas, os caminhos que construímos e a consciência de nossa exploração como mulheres trabalhadoras, saber onde pisamos para não cairmos, e se cair, que consigamos nos levantar e continuar.
Esse ano o Coletivo de Gênero Violeta Parra completa 5 anos, anos de luta e de história, foram Elizabeths, Violetas, Rosas. Lutadoras presentes hoje e sempre! Construindo o caminho do luto à luta.
Nomeamos nosso coletivo por: Violeta Parra, que cantou a voz dos oprimidos e explorados de toda uma América Latina em um período em que a esperança estava escassa, ela gritou com sua arte seu povo, com sua música os oprimidos, com sua voz os camponeses. Violeta foi uma mulher que levou seus princípios até o ultimo segundo de sua vida, não recuou, não se deixou podar.
A proposta dessa atividade é trazer a importância dos coletivos e discussões em torno da questão de gênero e falar um pouco sobre o Coletivo de Gênero Violeta Parra e o porquê de nossa existência. Será um Sarau com poesia, música, comes, conversas. Convidamos a todas e todos. Músicas, poetisas e intervenções diversas serão bem vindas.

Dia 25 de Junho de 2016 às 18h00min
Espaço Cultural Mané Garrincha

Rua Silveira Martins 131 Sala 11 Saída Poupatempo, São Paulo
Haverá comes e bebes.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

II Encontro aberto de formação de gênero: Gênero, Classe e Raça


"Eu não estou mais aceitando as coisas que não posso mudar. Eu estou mudando as coisas que não posso aceitar" 
Angela Davis


       O Coletivo Violeta Parra convida todas as companheiras para nossa segunda formação aberta do ano. Em nossa primeira formação discutimos sobre gênero e classe. Agora, com a ajuda do livro de Heleieth Saffioti, "O poder do macho", pensaremos na junção das questões de classe, gênero e raça. Isso porque a desigualdade existente entre patrões e patroas e trabalhadorxs, homens e mulheres e entre brancxs e negrxs só potencializam-se quando se manifestam concomitantemente, sendo as mulheres negras e trabalhadoras as pessoas comprovadamente mais desfavorecidas no sistema social atual. Assim, é preciso compreendermos como se dão tais explorações e opressões, pensando em como construir nossa estratégia de luta.
       Saffioti escreveu este livro com a intenção de conversar com pessoas que jamais leram sobre a desigualdade dos sexos, feminismo ou afins. Sendo assim, é uma excelente oportunidade de começar a entender melhor a questão. Contamos com a presença de todas! Juntas somos mais fortes para lutar..."Por todas elas"!


Texto O poder do macho - http://ujcsp.net/wp-content/uploads/2015/09/hs-O-poder-do-macho.pdf




Será no Espaço Cultural Mané Garrincha
Rua Silveira Martins, 131, sala 11 (Saída pelo Poupatempo)
Dia 19 de junho de 2016 (Domingo) - às 15h

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Mulher e trabalho

     No mês de maio, quando o dia do trabalho recoloca as problemáticas atuais existentes no trabalho humano, submetido à lógica capitalista de exploração e baseado na acumulação de capital, reforçaremos que “a classe trabalhadora tem dois sexos” (Souza Lobo), trazendo questões de gênero que interferem nas condições de trabalho das mulheres. Isso porque não é raro ouvirmos pessoas dizerem que as mulheres já alcançaram “direitos iguais”, os quais tanto reivindicavam. Será mesmo?

     Se concebermos o trabalho como intrínseco ao ser humano - pois somente os humanos planejarão e escolherão entre as diversas possibilidades de realizar uma determinada ação transformadora na natureza (O que Lukacs chamará de previa-ideação) - concordaremos com a ideia de que foi um grande avanço para as mulheres, enquanto seres que se constroem através do trabalho, saírem da restrição do ambiente privado e restrito de seus lares para a vida pública. Entretanto, em uma sociedade capitalista, este processo vem acompanhado por uma alienação que não emancipa, mas que, pelo contrário, faz com que as mulheres engrossem ainda mais as fileiras dos humanos explorados, que sofrem com a alienação do produto de seus trabalhos.

     Fora isso, a igualdade entre os sexos nos direitos burgueses trabalhistas não é o que percebemos ao analisar de perto o mundo real do trabalho, onde mulheres e profissões relacionadas às tarefas historicamente consideradas femininas são desvalorizadas e postos precarizados de trabalho são ocupados majoritariamente por trabalhadoras. Nesses aspectos, a classe dominante sabe se aproveitar muito bem das heranças históricas do patriarcado. Assim, muitas mulheres aceitam trabalhos informais devido à carga horária reduzida ou mais flexível, visando obterem tempo para manter seus trabalhos para além de seu trabalho assalariado, como os trabalhos domésticos e o cuidado com os filhos.

     Sim, esses trabalhos continuam sendo considerados de responsabilidade das mulheres da família, sendo esta a maior prova da desigualdade ainda existente na divisão social do trabalho, que estabelece também uma divisão sexual do trabalho. Algumas pessoas provavelmente poderiam citar inúmeros exemplos de homens que fazem trabalhos domésticos, com o intuito de deslegitimar nosso argumento. Porém, essas ações dos homens ainda se caracterizam como uma “ajuda”, bondade e disposição dele, sendo a mulher a única responsável. Ela que será cobrada por isso, pelo bom andamento do lar e pelo desempenho de seus filhos, na maior parte do tempo e dos trabalhos que realiza.
     
     Com isso, nós, mulheres, somos submetidas a uma dupla, às vezes tripla (quando se tem filhos ou dois empregos), jornada de trabalho, o que consequentemente reflete em nosso desempenho no mercado de trabalho assalariado. Somos, em geral, as mais exploradas, as mais precarizadas, e ainda temos nosso tempo livre, no qual poderíamos nos formar ou cuidar de nós, sempre reduzido ou anulado devido as tais duplicações ou triplicações de nossas jornadas de trabalho. Em uma pesquisa se observou que, somando as atividades remuneradas e não remuneradas de um grupo de mulheres da Bahia, estas mulheres trabalhavam, em média, 95 horas por semana (Figueiredo, 1980). Mulheres paulistanas chegam a gastar de 7 a 9 horas em trabalhos domésticos (Machado Neto e Brito, 1982). Se considerarmos os salários, o cenário é ainda mais catastrófico: mulheres negras chegam a ganhar 70% menos que homens brancos! (IBGE, 2009).

     Como se não bastasse, de acordo com a OIT (ILO, 2010), 1 em cada 4 mulheres sofre ou sofrerá assédio sexual no trabalho. Os danos à saúde das trabalhadoras que sofrem assédio sexual são devastadores, manifestando “sintomas psicológicos como sentirem-se frágeis, culpadas, sofrem insônia, tensão, raiva e depressão, assim como sintomas biológicos como dores de cabeça, dores musculares, ânsia de vômito, pressão alta, mudança no peso e fadiga” (Ibid.). Além disso, o assédio sexual pode ocasionar a perda do emprego, já que na maior parte das vezes as mulheres se vêm forçadas a se demitirem. Nossas denúncias, quando feitas, são geralmente tachadas de frescura, de hipersensibilidade, ou ainda podem ser entendidas como fofoca e perversidade para prejudicar o colega de trabalho - agressor.

     Ou seja, será mesmo que direitos iguais no papel geram atitudes diferenciadas? Elas ocorrem com a mesma facilidade com que o burocrata carimba e oficializa tais direitos? Já viu-se que não.

   Nesse contexto, torna-se importante conversarmos sobre essas questões, desnaturalizando o machismo. É fundamental que uma trabalhadora se reconheça em outra no dia-a-dia do trabalho, e que juntas possamos exigir que alguns direitos básicos já conquistados sejam garantidos em nosso ambiente de trabalho. Assim, assédio (moral e sexual) é crime, não é culpa da mulher. Salários mais baixos para mulher também. Julgamentos morais que prejudique-nos profissionalmente também!

     Uma companheira de nosso coletivo sofreu recentemente assédio no trabalho e não se calou, assim como também se solidarizou com as demais mulheres assediadas pelo mesmo macho. Algumas pessoas tentaram convence-la que ela tinha culpa, que ela tinha permitido, que seu jeito era muito “dado”, o que chegou a afeta-la psicologicamente. Mas ao acontecer com diversas outras mulheres, todos perceberam que o problema não era bem esse, como a companheira já alertava. Com o desenrolar dos fatos, o assediador foi demitido, não sem antes a companheira ter sofrido consequências drásticas no andamento de seus trabalhos. Ela também não conseguiu dar sequência a campanha contra assédio, acordada com a chefia, porque “o problema era apenas aquele rapaz”. Mas os dados, e as trabalhadoras do local, demonstram que não.

É por essas e outras seguimos lutando. Unidas, somos mais fortes, fortalecendo, inclusive, o grupo de trabalhadores ao qual estamos integradas, para que num futuro, não tão distante, consigamos acabar com toda exploração e opressão a que estamos submetidas!



    

quarta-feira, 6 de abril de 2016

V Encontro aberto de formação de gênero: Gênero e Classe



“É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.”

(Simone de Beauvoir)


Dando sequência a nossos encontros, e iniciando 2016, convidamos as companheiras para a nossa primeira formação aberta do ano com o tema “Gênero e Classe”. Esse tema é fundamental para uma compreensão da emancipação de gênero atrelada à luta de classes. A revolução não se concretizará sem que as pautas das mulheres sejam postas, da mesma forma, tampouco as mulheres avançarão sem que seja pensada a luta da classe trabalhadora.            A história [burguesa] nos virou as costas e hoje, na atualidade, nos apropriamos dela com punhos, dentes e sangue. Não recuaremos! Avançaremos como gênero e classe que nega sua opressão e nos empoderaremos da história e da luta!
          Esperamos as companheiras que puderem comparecer e somar a nós nessa empreitada. Através do debate nos fortalecemos para a luta cotidiana.



CISNE, Mirla. Introdução e Classe, tuta de classes e formação da consciência no capitalismo. In: Feminismo e consciência de classe no Brasil. São Paulo: Cortez, 2014.

http://www.mediafire.com/view/4wyhod8ntbtgp6p/Cap_1_-_livro_Mirla.pdf



Leituras complementares:

Um estudo histórico das relações de gênero e classe - Vanessa Cristina S. Matos
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://www.uniesp.edu.br/revista/revista7/pdf/6_um_estudo_historico.pdf&gws_rd=cr&ei=vPUEV_3mN8eYwQTS0ayIBA

Feminismo e luta de classe: história, movimento e desafios teórico-políticos do feminismo na contemporaneidade - Telma Gurgel
http://www.fazendogenero.ufsc.br/9/resources/anais/1277667680_ARQUIVO_Feminismoelutadeclasse.pdf


Será no Espaço Cultural Mané Garrincha
Rua Silveira Martins, 131, sala 11 (Saída pelo Poupatempo)
Dia 09 de abril de 2016 (Sábado)
Às 15h

domingo, 6 de dezembro de 2015

IV Encontro aberto de formação de gênero: Mulheres na Comuna



“De repente, vi minha mãe perto de mim e eu senti uma terrível ansiedade, inquieta, tinha chegado, e todas as mulheres estavam lá. Interpondo-se entre nós e os militares, as mulheres lançaram-se sobre os canhões e metralhadoras, os soldados permaneceram imóveis. A revolução estava feita”.
Louise Michel

 Em 1871, a Comuna de Paris, primeira revolução proletária da história moderna, não seria possível sem a presença das mulheres. Elas, que eram trabalhadoras, mulheres de bairros pobres, professoras, prostitutas etc. Elas, que deram seu sangue no cuidado dos feridos, seu suor na construção das barricadas e suas vidas nas frentes de batalha. Elas que lutavam não apenas contra a burguesia, mas também pela igualdade entre homens e mulheres. Elas, marxistas, anarquistas e internacionalistas. Elas: Elizabeth Dmitrieff, André Léo, Beatriz Excoffon, Sophie Poirier, Anna Jaclard, Marie-Catherine Rigissart, Nathalie Lemel, Aline Jacquier, Marcelle Tinayre, Otavine Tardif, Blanche Lefebvre, e muitas outras. Elas que, no pós guerra, eram mais de 1000 revolucionárias a serem julgadas. Nossas irmãzinhas. São “Elas” o tema de nossa próxima reunião de formação, a quarta e última desse ano, cuja temática fora “Historia dos feminismos e organizações de mulheres”

Mulheres, e aquelxs que compartilham da opressão ao gênero feminino, compareçam! Vamos entender nosso histórico de luta e nos empoderar!


Coletivo de Gênero Violeta Parra
Formação Aberta sobre Mulheres na Comuna
12 de dezembro de 2015 (Sábado) – 15h
R. Silveira Martins, 131, ap. 11 (Espaço Cultural Mané Garrincha)
Metro Sé – Saída Poupatempo