sexta-feira, 28 de março de 2014

Dia 8 de março - Dia Internacional de Luta!



“Nada causa mais horror à ordem do que mulheres que lutam e sonham”.
José Martí

“Pela luta da mulher trabalhadora, contra a exploração capitalista”.
Coletivo Violeta Parra (08 de Março de 2013)


        São milhões de anos de sistema patriarcal e mais alguns séculos de sistema capitalista, dois sistemas que juntos formam o sistema patriarcal-capitalista. A mulher, sujeita a esse sistema, está em condições diversas na sociedade, se antes, no patriarcado, a mulher era encarregada dos afazeres domésticos e dos cuidados com os filhos e marido, no capitalismo ela também se torna provedora do lar, no entanto continua encarregada dos mesmos afazeres referentes aos cuidados da casa e da família. Essa mesma mulher tem o direito à formação, desde que tenha condições para isso e, caso tenha condições para terminar a escola e ingressar no ensino superior, no mercado de trabalho continua a receber menos que o homem, mesmo se tiver o mesmo grau de formação. Constatações a parte, não queremos chegar à conclusão de que é melhor a mulher retornar ao patriarcado, já dizia Simone de Beauvoir: “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.”. Logo, é necessária essa transição para que a mulher consiga se emancipar, não é a toa que as manifestações pela emancipação da mulher se iniciaram com intensidade a partir do momento em que a mulher passou a se inserir nas fábricas. Na Rússia as manifestações das mulheres trabalhadoras contra a Rússia Czarista por melhores condições de trabalho foi o estopim da revolução de 1917.

       Nos voltando para a questão central, sabemos que as mulheres não foram inseridas no mercado de trabalho, apesar de este ter sido um passo importante para sua emancipação, porque o capitalismo quer sua “liberdade”, mas para explorar ao máximo a mão-de-obra feminina e, principalmente, no contexto da revolução industrial, também a mão-de-obra infantil. Mesmo no século XXI, a mão-de-obra feminina é a mais explorada nos dois espaços, no público e no privado, no mundo todo. A mulher além de ser provedora do espaço doméstico também estende sua força de trabalho ao do homem que não tem responsabilidade sobre o espaço privado, mas depende deste para o desempenho de seu trabalho na esfera pública. No México, em Ciudad de Juarez, é um dos lugares onde há o maior índice de feminicídio (termo criado para a realidade específica dessa região que significa estupro seguido de morte), porque as mulheres suportam longas jornadas de trabalho em fábricas, que estão a serviço do imperialismo norte americano, e por esta razão sempre começam o trabalho ou muito cedo, de madrugada, ou o terminam muito tarde, quando já é noite, ficando assim vulneráveis a violência, violência esta que é financiada pelo capitalismo, que, para não perder sua produção tecnológica, omite os casos. A mulher dentro da lógica patriarcal-capitalista sofre a violência estatal, que não permite a liberdade ao seu próprio corpo, sofre a violência machista/patriarcal que impõe longas jornadas de trabalho por salários menores que dos homens e a responsabilidade sobre o espaço doméstico, que não é remunerado, sofre todo o peso de sua opressão machista e sofre duplamente a opressão capitalista, uma vez que é explorada na fábrica/indútria/campo e em casa.
    
      Nós do Coletivo Violeta Parra lutamos pela emancipação da mulher trabalhadora e acreditamos que não existe uma luta pelo feminismo sem uma luta pela emancipação da classe trabalhadora. Na Comuna de Paris as mulheres burguesas molharam as pontas de seus guardas chuvas no sangue daquelas que morreram nas trincheiras, daquelas que lutavam pela destruição da divisão de classes. Na Rússia as mulheres operárias saíram as ruas e nesse dia também saiu a revolução. Em Ciudad de Juarez são essas mulheres exploradas na indústria que denunciam cada morte, cada abuso que ocorre ao mundo. Somos Russas! Somos Mexicanas! Somos Incendiarias [1]! E acima de tudo somos mulheres que lutam e que sonham!

CONTRA O MACHISMO E A EXPLORAÇÃO CAPITALISTA, PELO SOCIALISMO!


[1] “Incendiarias” foi o nome que era dado as mulheres na Comuna de Paris como forma de qualificar de forma negativa atuação da mulher nessa luta. Atualmente assumimos esse nome, somos incendiarias e queremos tacar fogo no machismo e no capitalismo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário