“Nada causa mais horror
à ordem do que mulheres que lutam e sonham”.
José Martí
“Pela luta da mulher
trabalhadora, contra a exploração capitalista”.
Coletivo Violeta Parra
(08 de Março de 2013)
São milhões de anos de sistema
patriarcal e mais alguns séculos de sistema capitalista, dois sistemas que
juntos formam o sistema patriarcal-capitalista. A mulher, sujeita a esse
sistema, está em condições diversas na sociedade, se antes, no patriarcado, a
mulher era encarregada dos afazeres domésticos e dos cuidados com os filhos e
marido, no capitalismo ela também se torna provedora do lar, no entanto
continua encarregada dos mesmos afazeres referentes aos cuidados da casa e da
família. Essa mesma mulher tem o direito à formação, desde que tenha condições
para isso e, caso tenha condições para terminar a escola e ingressar no ensino
superior, no mercado de trabalho continua a receber menos que o homem, mesmo se
tiver o mesmo grau de formação. Constatações a parte, não queremos chegar à
conclusão de que é melhor a mulher retornar ao patriarcado, já dizia Simone de
Beauvoir: “É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a
separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência
concreta.”. Logo, é necessária essa transição para que a mulher consiga se
emancipar, não é a toa que as manifestações pela emancipação da mulher se
iniciaram com intensidade a partir do momento em que a mulher passou a se
inserir nas fábricas. Na Rússia as manifestações das mulheres trabalhadoras
contra a Rússia Czarista por melhores condições de trabalho foi o estopim da
revolução de 1917.
Nos voltando para a questão
central, sabemos que as mulheres não foram inseridas no mercado de trabalho,
apesar de este ter sido um passo importante para sua emancipação, porque o
capitalismo quer sua “liberdade”, mas para explorar ao máximo a mão-de-obra
feminina e, principalmente, no contexto da revolução industrial, também a mão-de-obra
infantil. Mesmo no século XXI, a mão-de-obra feminina é a mais explorada nos dois
espaços, no público e no privado, no mundo todo. A mulher além de ser provedora
do espaço doméstico também estende sua força de trabalho ao do homem que não
tem responsabilidade sobre o espaço privado, mas depende deste para o
desempenho de seu trabalho na esfera pública. No México, em Ciudad de Juarez, é
um dos lugares onde há o maior índice de feminicídio (termo criado para a
realidade específica dessa região que significa estupro seguido de morte),
porque as mulheres suportam longas jornadas de trabalho em fábricas, que estão
a serviço do imperialismo norte americano, e por esta razão sempre começam o
trabalho ou muito cedo, de madrugada, ou o terminam muito tarde, quando já é
noite, ficando assim vulneráveis a violência, violência esta que é financiada
pelo capitalismo, que, para não perder sua produção tecnológica, omite os
casos. A mulher dentro da lógica patriarcal-capitalista sofre a violência
estatal, que não permite a liberdade ao seu próprio corpo, sofre a violência
machista/patriarcal que impõe longas jornadas de trabalho por salários menores que
dos homens e a responsabilidade sobre o espaço doméstico, que não é remunerado,
sofre todo o peso de sua opressão machista e sofre duplamente a opressão
capitalista, uma vez que é explorada na fábrica/indútria/campo e em casa.
Nós do Coletivo Violeta Parra
lutamos pela emancipação da mulher trabalhadora e acreditamos que não existe
uma luta pelo feminismo sem uma luta pela emancipação da classe trabalhadora.
Na Comuna de Paris as mulheres burguesas molharam as pontas de seus guardas
chuvas no sangue daquelas que morreram nas trincheiras, daquelas que lutavam
pela destruição da divisão de classes. Na Rússia as mulheres operárias saíram
as ruas e nesse dia também saiu a revolução. Em Ciudad de Juarez são essas mulheres
exploradas na indústria que denunciam cada morte, cada abuso que ocorre ao
mundo. Somos Russas! Somos Mexicanas! Somos Incendiarias [1]! E acima de tudo
somos mulheres que lutam e que sonham!
CONTRA O MACHISMO E A EXPLORAÇÃO
CAPITALISTA, PELO SOCIALISMO!
[1] “Incendiarias” foi o nome que
era dado as mulheres na Comuna de Paris como forma de qualificar de forma
negativa atuação da mulher nessa luta. Atualmente assumimos esse nome, somos
incendiarias e queremos tacar fogo no machismo e no capitalismo.
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