segunda-feira, 3 de março de 2014

Dia 8 de março: Dia Internacional de Luta



A vida das mulheres muitas vezes é abruptamente interrompida pelo estupro. O estupro é uma violência ligada a concepção machista de nossa sociedade, onde a mulher é vista como um objeto sexual. Assim, mulheres que levavam suas vidas normalmente, sendo mães, trabalhadoras, estudantes etc., são violentadas, humilhadas, interrompidas em suas vontades, mortas!

Lembramos aqui as milhares de mulheres estupradas e mortas em sociedades machistas!

Lembramos os estupros ocorridos na cidade mexicana de Juarez, onde um poder oligárquico local beneficiava-se dos mesmos, enquanto seus lucros só aumentavam. Juarez é um clássico exemplo de aliança do capital com o machismo nas instâncias de poder, uma combinação terrivelmente comum em nossas sociedades.

As situações de violência a que estão submetidas mulheres e meninas, em América Latina, ganham contornos próprios. Vítimas do que denominamos femicídio/feminicídio, que neste momento que escrevemos, o dicionário eletrônico desconhece tais palavras, e insiste em não incorporá-las, são algumas das formas que assumem as desigualdades de gênero.
Continente visado pelos países centrais e, sobretudo pelos EEUU, a implantação de suas políticas econômicas incide, sobretudo, nas vidas das mulheres trabalhadoras, exploradas pelo capital.  No caso mexicano, que historicamente teve parte de seu território anexado aos EEUU, com governos submissos, proponentes do Tratado de Livre Comércio – TLC-, os índices de femicídio e feminicídio crescem na escalada da violência.
Os grupos feministas e de Direitos Humanos, vem aprofundando e retomando os conceitos femicídio e feminicídio formulados por Célia Amorós: Entende-se por FEMICÍDIO, assassinatos de “mulheres cometidos por seus maridos. Este tipo de assassinato se caracteriza por estar fundamentado em relações assimétricas de poder entre homens e mulheres, que dá lugar à opressão e à discriminação e se manifesta em um continuum de violência contra as mulheres (abuso físico e emocional, violação, abuso sexual, assedio, etc.) que culmina com a morte de mulheres em mãos de homens com os quais há tido vínculos afetivos”. Já os FEMINICÍDIOS, são “crimes baseados em uma enorme tolerância social à violência de gênero e a qual o Estado toma parte ativa e contribui com a impunidade”[1].
Mas, se por um lado, o femicídio, caracteriza a violência no campo das relações privadas, e o feminicídio conta com a impunidade da justiça, da lei, e da tolerância social, ambos os termos tipificam a violência contra as mulheres. Contam com a legitimação do Estado patriarcal-capitalista e com as pessoas que mantém o silêncio quando práticas desse tipo ocorrem próximas a elas. Portanto, devem ser considerados crimes do patriarcado na medida em que caracteriza o caráter punitivo sobre as mulheres e a tentativa de controle do corpo e da vontade feminina. Dessa forma, esses crimes têm a mesma raiz, os pilares da sociedade capitalista: família, Estado e propriedade privada dos meios de produção.
A feminista Célia Amorós aborda a especificidade dos feminicídios de Ciudad Juárez no México. Daí a importância dos termos para elucidar a violência a que estão submetidas as trabalhadoras mexicanas.
A participação no NAFTA – Área de Livre Comércio da America do Norte – abriu a economia mexicana para instalações de empresas multinacionais de vários setores. Com o governo local facilitando e com mão de obra mais barata do que a média dos países desenvolvidos importam matéria-prima e equipamentos sem taxa alfandegária e exportam os bens manufaturados. Neste contexto, instaura-se o modelo “de la industria maquiladora” com trabalho essencialmente feminino([2]).

Para mais informações:

Filme "Cidade do silêncio" - http://www.youtube.com/watch?v=K4mNlPANc-E

Filme "La herencia de las ausentes" - http://www.fire.or.cr/ ou http://www.youtube.com/watch?v=-Ob-3xi_eXE

Página do facebook contra o feminicídio em Juarez: https://www.facebook.com/NiUnaMas




[1] Ambos os termos são citados por Jessie Blanco no site aporrea.org do dia 28.09.2010.  Traduzidos para o português pelas autoras desse documento.
[2] Este termo é uma alusão a maquiagem. Segundo Kilass, “os componentes importados entram no México com isenção de impostos e a contribuição local é meramente a montagem numa linha industrial que opera com salários reduzidos e condições de trabalho degradantes”. Em seguida são exportados para EEUU, Canadá, etc. internamente não há desenvolvimento/industrialização; as desigualdades regionais se aprofundam e mais de 90% da produção será consumida no exterior.
 O Tratado de Livre Comercio criou condições no período neoliberal , extinguindo taxas alfandegárias permitindo importação de matéria-prima sem taxações e entrada de capitais, mantendo , assim, este modelo de internacionalização da economia retomando política econômica presente nos anos 60.  

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