A
vida das mulheres muitas vezes é abruptamente interrompida pelo estupro. O
estupro é uma violência ligada a concepção machista de nossa sociedade, onde a
mulher é vista como um objeto sexual. Assim, mulheres que levavam suas vidas
normalmente, sendo mães, trabalhadoras, estudantes etc., são violentadas,
humilhadas, interrompidas em suas vontades, mortas!
Lembramos
aqui as milhares de mulheres estupradas e mortas em sociedades machistas!
Lembramos
os estupros ocorridos na cidade mexicana de Juarez, onde um poder oligárquico
local beneficiava-se dos mesmos, enquanto seus lucros só aumentavam. Juarez é
um clássico exemplo de aliança do capital com o machismo nas instâncias de
poder, uma combinação terrivelmente comum em nossas sociedades.
As
situações de violência a que estão submetidas mulheres e meninas, em América
Latina, ganham contornos próprios. Vítimas do que denominamos femicídio/feminicídio,
que neste momento que escrevemos, o dicionário eletrônico desconhece tais palavras,
e insiste em não incorporá-las, são algumas das formas que assumem as
desigualdades de gênero.
Continente
visado pelos países centrais e, sobretudo pelos EEUU, a implantação de suas
políticas econômicas incide, sobretudo, nas vidas das mulheres trabalhadoras,
exploradas pelo capital. No caso
mexicano, que historicamente teve parte de seu território anexado aos EEUU, com
governos submissos, proponentes do Tratado de Livre Comércio – TLC-, os índices
de femicídio e feminicídio crescem na escalada da violência.
Os
grupos feministas e de Direitos Humanos, vem aprofundando e retomando os
conceitos femicídio e feminicídio formulados por Célia Amorós: Entende-se por
FEMICÍDIO, assassinatos de “mulheres cometidos por seus maridos. Este tipo de
assassinato se caracteriza por estar fundamentado em relações assimétricas de
poder entre homens e mulheres, que dá lugar à opressão e à discriminação e se
manifesta em um continuum de violência contra as mulheres (abuso físico e
emocional, violação, abuso sexual, assedio, etc.) que culmina com a morte de
mulheres em mãos de homens com os quais há tido vínculos afetivos”. Já os
FEMINICÍDIOS, são “crimes baseados em uma enorme tolerância social à violência
de gênero e a qual o Estado toma parte ativa e contribui com a impunidade”[1].
Mas,
se por um lado, o femicídio, caracteriza a violência no campo das relações
privadas, e o feminicídio conta com a impunidade da justiça, da lei, e da
tolerância social, ambos os termos tipificam a violência contra as mulheres. Contam
com a legitimação do Estado patriarcal-capitalista e com as pessoas que mantém
o silêncio quando práticas desse tipo ocorrem próximas a elas. Portanto, devem
ser considerados crimes do patriarcado na medida em que caracteriza o caráter
punitivo sobre as mulheres e a tentativa de controle do corpo e da vontade
feminina. Dessa forma, esses crimes têm a mesma raiz, os pilares da sociedade
capitalista: família, Estado e propriedade privada dos meios de produção.
A
feminista Célia Amorós aborda a especificidade dos feminicídios de Ciudad
Juárez no México. Daí a importância dos termos para elucidar a violência a que
estão submetidas as trabalhadoras mexicanas.
A
participação no NAFTA – Área de Livre Comércio da America do Norte – abriu a
economia mexicana para instalações de empresas multinacionais de vários setores.
Com o governo local facilitando e com mão de obra mais barata do que a média
dos países desenvolvidos importam matéria-prima e equipamentos sem taxa
alfandegária e exportam os bens manufaturados. Neste contexto, instaura-se o
modelo “de la industria maquiladora” com trabalho essencialmente feminino([2]).
Para mais informações:
Filme "Cidade do silêncio" - http://www.youtube.com/watch?v=K4mNlPANc-E
Filme "La herencia de las ausentes"
- http://www.fire.or.cr/ ou http://www.youtube.com/watch?v=-Ob-3xi_eXE
Página do facebook contra o feminicídio em Juarez: https://www.facebook.com/NiUnaMas
[1]
Ambos os termos são citados por Jessie Blanco no site aporrea.org do dia
28.09.2010. Traduzidos para o português pelas
autoras desse documento.
O Tratado de
Livre Comercio criou condições no período neoliberal , extinguindo taxas
alfandegárias permitindo importação de matéria-prima sem taxações e entrada de
capitais, mantendo , assim, este modelo de internacionalização da economia
retomando política econômica presente nos anos 60.
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