Não
é segredo o avanço das pautas e demandas relacionadas à questão
de gênero, as mulheres têm lutado por seus direitos, estado em
espaços públicos, aumentou a quantidade de mulheres nas áreas de
ensino, tanto na educação básica quanto em nível superior.
Nenhuma dessas conquistas veio de graça, muita luta, sangue, suor
foi e é necessário para que cada passo seja possível.
Porém
o machismo e o patriarcado respondem de forma agressiva aos avanços
de nosso gênero e de nossa classe. A violência tem aumentado e as
manifestações abertas de misoginia também. A mulher ainda é
tratada como um gênero inferior, sem desejos, sem vontades, um
objeto apresentado como mercadoria, disponível a ser consumida.
As
várias propagandas institucionais nada resolvem, a violência ainda
é individualizada e a mulher responsabilizada. Muitas das políticas
públicas trazem a ilusão de igualdade, no entanto pouco garantem a
possibilidade real às mulheres de tal direito. Ainda são os
empregos mais precarizados majoritariamente femininos: operadora de
telemarketing, professora/educadora, limpeza etc, são as mulheres as
maiores vítimas de assédios nos locais de trabalho, os salários
mais baixos, as condições de vida mais rebaixadas.
A
precarização na saúde e na educação, através da PEC do teto dos
gastos, bem como a reforma da previdência, apenas mostram que quem
paga pela “crise” é uma classe e, ainda mais, um gênero, que,
não bastasse as jornadas de trabalho não pagas, tem a
intensificação da exploração e deterioração do mínimo
necessário para a subsistência.
Por
todo o mundo vemos os ataques crescerem, as mulheres trabalhadoras
são as que mais sofrem. Com o alto índice de desemprego que assola
o país, sendo a maioria da população, são as mais oprimidas pelo
patrão e por aqueles que deveriam ser seus companheiros, que se
voltam contra suas parceiras ao invés de se revoltarem contra o
opressor, que explora ambos.
São
muitas aquelas que deixaram seu sangue nesse caminho, por nossas
veias correm Marias, Isamaras, Rosas, Lucias, Margaridas, Déboras...
Esse caminho que continuamos a trilhar e gritar contra a precarização
de nossas vidas e de nossa força de trabalho! Contra o feminicídio
que mata mais e mais mulheres todos os anos em todas as partes do
mundo! Tornaremos nossos grilhões correntes de resistência, em cada
argola uma dor, um sonho, uma guerra. A luta não se acaba em um, se
estende por todo o punho que se levanta contra a violência de
gênero, opressão de classe e por um mundo onde possamos viver sem
medo de ser mulher..... Por todas, gritemos: “Nem uma a menos!
Vivas nos queremos!”
*Inspirado na palestra de Eduardo Galeano: "Os homens tem medo das mulheres sem medo". No youtube com o título “mujeres”
<https://www.youtube.com/watch?v=5lzl1wGLmJw>
Aposentadoria
e as mulheres: porque a igualdade aumenta ainda mais a desigualdade
No
bojo das ações planejadas pela reforma da previdência, em
andamento, existe a proposta de fixação da idade mínima de 65 anos
para homens e mulheres aposentarem. Se a proposta pode parecer, para
alguns, promover “igualdade” entre os sexos, ela é de fato uma
grande afronta a nós, trabalhadoras, que enfrentamos diariamente os
prejuízos de uma sociedade machista, racista e capitalista. Não
vivemos em uma sociedade em que homens e mulheres possuem as mesmas
condições sociais e as estatísticas comprovam isso: 88% das
mulheres assalariadas também realizam trabalho doméstico, enquanto
somente 46% dos homens assalariados possuem essa dupla jornada. Fora
isso, as mulheres inseridas no mercado formal de trabalho têm renda
mensal que corresponde aproximadamente a 75% da renda masculina - e
no mercado informal, 65% (PNAD, 2014). As estatísticas são ainda
mais desiguais quando se trata de mulheres negras, e o prejuízo das
professoras e trabalhadoras rurais, que possuem regimes diferenciados
de aposentadoria, será maior que o das trabalhadoras urbanas com as
novas regras. Ou seja, trabalhamos mais e ganhamos menos, e isso não
mudou...então porque a lei deve mudar dessa forma? Será mesmo essa
a única solução para salvar o futuro da previdência?
É
nesse aspecto que não devemos abrir mão dos direitos já
conquistados. Quem deve pagar pela crise são os ricos, não nós! A
taxação das riquezas e o não pagamento dos juros de uma dívida
pública infinita são ações mil vezes mais eficazes para resolver
nossos problemas sociais. Não se trata de uma guerra de sexos, na
qual mulheres querem garantir privilégios, mas sim a continuidade de
um processo que, ao mesmo tempo que insere as mulheres no mercado de
trabalho e as fazem enfrentar os problemas de classe junto com os
demais trabalhadores, tem garantido às mulheres se tornarem, aos
poucos, cada vez mais independente e atuantes na vida pública,
econômica e política. Não podemos retroceder! Vamos às ruas!
Todas e todos ao ato do dia 08 de março
Local: Praça da Sé
Concentração: 15 horas
Saída: 17 horas
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