“Ninguém nasce mulher: Torna-se!”- Simone de Beauvoir.
O que é se tornar mulher?
Quiçá assumir-se mulher, buscar-se e, principalmente, forjar-se de
dentro para fora. Sendo assim, ainda há muito a ser conquistado. Lutamos,
avançamos, mas ainda não podemos nos dizer mulheres. Atualmente,
incorporamos um padrão masculino de sexualidade, uma espécie de coisificação do
ato sexual. O que vale é o desempenho, a quantidade de orgasmos e por ai
em diante. Daí o fingimento, sabemos que muitas mulheres nunca sentiram um
orgasmo e que a maioria o sente raramente. Por quê? Se um perde, o outro ganha,
ou seja, o homem ganha, a mulher perde. A mulher perde a virgindade (aliás, por
que perder a virgindade? por que dar um valor negativo ao sexual?), o homem
ganha mais uma conquista, mais uma pro caderninho. Essa repressão sexual é
nitidamente expressa na linguagem diária, a mulher é a caça, o homem o caçador.
Neste ponto, cabe citar a canção Caçada de Chico Buarque: “Hoje é o dia da
graça, hoje é o dia da caça e do caçador”. A caça caçando o caçador, e vice
versa, e ambos se realizando, o que ainda está muito distante do que observamos
atualmente.
A juventude está mais conservadora, e contraditória, ao mesmo tempo em que as forças
conservadoras avançam, e com ela a repressão sexual, o capitalismo precisa
desovar suas mercadorias, e para isso não hesita em fazer uso da propaganda
sexista. Forja-se uma juventude dual, desejos infinitos, repressão implacável,
e uma juventude mutilada pelo “não pode”. Em pleno sec. XXI há quem namore sem
beijos, sem sexo, sem nada. Mas “amar, se aprende amando”, como diria
Carlos Drummond de Andrade. Que amor é esse que inibe um beijo? Um toque? Uma
carícia? Não, este não é o amor, a isto chamamos repressão, ou barbárie.
Tornar-se mulher não é ser igual aos homens. É preciso realmente tornar-se
mulher, o que só será possível coletivamente e na luta. Lutar é preciso.
Tivemos conquistas, mas há muito por
ser alcançado. Nossos salários ainda são menores, e se somos negras, são muito
menores. Mas salário é exploração, é capitalismo, não reivindicamos o
direito de ser exploradas igualmente, exigimos o controle da produção.
Neste ponto as lutas se unificam, a luta feminista torna-se
revolucionária, e só assim ela pode avançar, e o
contrário também é verdadeiro. “Quando uma mulher avança, nenhum homem
retrocede” Avancemos que o tempo ruge, é preciso alcançar o direito de legislar
sobre o próprio corpo, o aborto é um direito. Enfim, tornemo-nos mulheres!
Coletivo Violeta Parra
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